O cérebro é extremamente sensível a presença substâncias produzidas em nossas células, denominadas de espécie reativas de oxigênio (ERO), incluindo os radicais livres, que, quando em excesso ou quando o cérebro possui uma capacidade reduzida de estabilizar a ação dessas substâncias (antioxidantes) acaba favorecendo a presença de danos importantes em biomoléculas. Esse fenômeno celular é conhecido como estresse oxidativo.
A sensibilidade do cérebro ao estresse oxidativo é devido, principalmente aos altos níveis de fosfolipídios e ácidos graxos poli-insaturados presente nas células cerebrais, as quais, são propensas à oxidação, o que leva a uma produção aumentada de ERO. Além disso, o cérebro tem baixos níveis de enzimas antioxidantes, e, em certas regiões, apresenta níveis elevados de ferro que facilitam a formação dessas ERO. Nesse cenário, diversos estudos têm revelado que o estresse oxidativo é a chave-central das doenças cerebrais e que, combate-lo, contribui para saúde geral por auxiliar na prevenção de doenças ou por contribuir na redução dos danos provocados por uma doença já estabelecida.
Muitas terapias têm sido usadas para reduzir o estresse oxidativo e manter o equilíbrio do estado redox do cérebro. A alimentação rica em antioxidantes ou o uso isolado desses antioxidantes tem sido reportado em diversos estudos recentes. Além disso, estudos realizados pelo nosso grupo de pesquisa e por outros investigadores, publicados em importantes revistas científicas internacionais, mostram que realizar exercícios físicos regularmente aumenta o fluxo sanguíneo e o metabolismo do cérebro, alterando o estado redox dos neurônios. As mudanças adaptativas induzidas pelo treinamento físico envolvem a regulação positiva de antioxidantes endógenos e enzimas de reparo, a biogênese mitocondrial, a regulação redox de diferentes vias de sinalização e a liberação de fatores neurotróficos em regiões do sistema nervoso central. Além disso, es efeitos positivos do exercício físico contribuem para a sobrevivência neuronal, para a diferenciação e plasticidade sináptica bem como para as funções cognitivas.
Considerando esses pressupostos, torna-se evidente a importância do exercício para o cérebro e reforça a mensagem de que adotar uma vida ativa pode ser a maneira fácil, eficaz e inteligente de se ter uma vida com mais qualidade e saúde.
Por Ricardo A. Pinho, PhD
PPGCS/Escola de Medicina/PUCPR
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