Desde 2006, conforme o Ministério da Saúde, o número de fumantes brasileiros diminuiu de 15,7% para 10,1% em 2017. Essa redução no hábito de fumar foi resultado de uma série de ações desenvolvidas pelo Governo Federal nas duas últimas décadas. Entretanto, tem me chamado atenção a expressiva presença de jovens fumantes em ambientes públicos como universidades, escolas, centro comerciais, praças e bares.
Essa observação é revelada pelo Ministério da Saúde em que fumantes entre 18 a 24 anos passaram de 7,4%, em 2016, para 8,5% em 2017. Esse aumento de jovens fumantes pode estar relacionado com o “relaxamento” das campanhas públicas e pela popularização de outras formas de cigarro como o narguilé e o cigarro de palha, bem como, o advento de novos tipos de cigarro como o cigarro eletrônico. Independe do tipo ou forma, diversos estudos revelam que não existe qualquer benefício gerado pelo cigarro, ao contrário, os efeitos negativos são evidentes e com graves consequências para a saúde pública.
Os efeitos da fumaça cigarro no sistema biológico tem sido alvo de vários grupos de pesquisa nos últimos anos. Os constituintes químicos do cigarro podem causar alterações na estrutura celular e contribuir para mudanças negativas no sistema cardiorrespiratório e musculoesquelético atingindo diversos sistemas orgânicos. Nosso grupo de pesquisa tem revelado que os efeitos do cigarro de palha, por exemplo, são semelhantes aos efeitos já relatados de outros tipos de cigarros com o agravante que a fumaça gerada pela queima da palha aumenta a concentração de material particulado e outros agentes químicos no organismo. Além disso, a ausência de filtro e substâncias que facilitam a combustão do cigarro, como ocorre nos cigarros industrializados, induz o fumante a exercer uma força inspiratória mais intensa, o que leva a uma maior captação de fumaça de cigarro pelas vias aéreas. Essas características potencializam os efeitos nocivos do tabaco.
O músculo esquelético é altamente suscetível à fumaça do cigarro, o que pode interferir na qualidade da estrutura e função muscular dos fumantes e isso reduz a qualidade de vida e aumenta as taxas de morbidade e mortalidade. Esses efeitos são atribuídos às substâncias tóxicas contidas no fumo, à degradação de proteínas musculares e uma síntese prejudicada de proteínas. Nesse cenário, o exercício físico tem sido um importante aliado na prevenção e tratamento de doenças relacionadas ao tabagismo. Além de melhorar a função cardiorrespiratória, o exercício físico exerce um efeito protetor contra os agentes oxidativos e inflamatórios presentes ou induzidos pela fumaça do cigarro. Para compreender o papel do exercício físico sobre os efeitos do cigarro no organismo, deve-se considerar que os efeitos do exercício são dependentes da frequência, intensidade, duração e tipo do exercício. Portanto, praticar exercícios é uma forma de minimizar os efeitos negativos do cigarro, porém o mais importante é evitar ou deixar de lado essa prática. Sua saúde agradece. Pra saber mais, veja nossos projetos e publicações em nosso site.
Por Ricardo A. Pinho, PhD
PPGCS/Escola de Medicina/PUCPR
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